arquitetura modernista
May 3, 2023

Arquitetura modernista: entenda tudo sobre o movimento arquitetônico minimalista

“Rejeite a ornamentação e abrace o minimalismo” é uma das frases que define o que é o estilo arquitetônico modernista. A arquitetura modernista ou moderna é um estilo arquitetônico baseado na racionalidade, funcionalidade e simplicidade das linhas. Esse movimento é revolucionário, pois nega o modo de se produzir arquitetura até a sua criação contestando os ornamentos e excessos de decoração e priorizando linhas e formas simples. Para compreender o que é arquitetura modernista, sua história, característica e aplicações, acompanhe nosso artigo. 

Aproveite a leitura!

O que é a arquitetura modernista?

Arquitetura modernista é um estilo arquitetônico que surgiu na primeira metade do século XX, originária do movimento moderno e representa o minimalismo externalizado na arquitetura, cujo conceito é fundamentado na simplicidade e valorização das formas geométricas aliando forma e função nas edificações. A arquitetura modernista influenciou diversos outros tipos de estilos arquitetônicos, como os da arquitetura pós-moderna e contemporânea, e notavelmente, hoje a aplicação do estilo e suas variantes ainda reverberam de forma presente no modo de produzir arquitetura. 

Esse estilo é reconhecido por priorizar o racionalismo e funcionalismo em suas obras e pela inovação na aplicação de novos materiais construtivos que começaram a ser expandidos a partir do contexto histórico de industrialização da época, como concreto armado, esquadrias de aço e também o uso de vidro, aliando assim os ideais da arquitetura moderna com as possibilidades do mercado da construção civil proporcionados pelos avanços tecnológicos da revolução industrial.

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Conforme mencionado, um dos marcos que conceituam a arquitetura modernista é a rejeição dos estilos tradicionais - que priorizavam ornamentos, extravagâncias e múltiplos elementos arquitetônicos aplicados num mesmo edifício, tais como a arquitetura barroca e a arquitetura gótica - e a preferência pelo minimalismo nas formas arquitetônicas. 

Desse modo, um dos pioneiros desse movimento foi o arquiteto alemão Mies Van Der Rohe com sua icônica frase “menos é mais”. Para alguns, esse conceito aplicado às edificações é responsável por gerar uma “arquitetura em sua forma mais pura”. Já para outros, a arquitetura modernista traz outras sensações, como frieza e “desumanização” do modo de produzir arquitetura. 

Além de Mies Van Der Rohe, alguns outros arquitetos também são referência quando se fala de arquitetura modernista, como Walter Gropius, na Alemanha e Le Corbusier, na França, além de arquitetos modernistas nacionais com obras de referência no Brasil e mundo afora, como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Lina Bo Bardi. 

A história da arquitetura modernista 

A arquitetura moderna surge no continente europeu, no final do século XIX e nasce com a intenção de criação de um movimento completamente novo que se contrapusesse aos estilos arquitetônicos já existentes. Com o advento da revolução industrial, que se iniciou na Inglaterra no século XVIII e se expandiu no século XIX e XX, a sociedade passou a buscar novos métodos de se construir e morar. 

Neste período, recursos como ferro fundido (principalmente), produtos pré-fabricados, drywall e lâminas de vidro começaram a ser densamente utilizados a partir do descobrimento de novas tecnologias aplicadas ao mercado da construção civil. Essas buscas por inovações, aplicações de novas tecnologias, um novo estilo de vida e por um mundo moderno, progrediram para construção dos ideais modernistas. 

Portanto, a ruptura com os movimentos passados e abertura às novas possibilidades arquitetônicas proporcionadas pela manipulação de novos materiais, serviu como influência para que os arquitetos fossem inspirados a produzir um novo tipo de arquitetura que correspondesse ao ideal de vida moderna. As tecnologias de construção passaram a interferir diretamente nas possibilidades arquitetônicas, como por exemplo, a aplicação de formas curvilíneas que se tornaram viáveis pelo uso do concreto armado. 

Vale lembrar ainda, que os novos métodos de construção também permitiram agilidade no processo de urbanização de cidades - tal como a aplicação de pré-moldados de concreto e o uso de ferro fundido nas edificações - e, havendo uma intensa migração rural para as cidades a partir da revolução industrial, urgia a necessidade de um processo de industrialização acelerado que atendessem a essas demandas urbanas. 

Existem registros de um “modernismo precoce” na Europa, ainda no início do século XIX, quando alguns arquitetos, como Auguste Perret e Henri Sauvage começaram a utilizar concreto armado na construção de prédios e apartamentos. A partir de 1910, Adolf Loos, considerado também como um dos primeiros arquitetos a aplicar conceitos da arquitetura modernista em seus projetos, também passa a remover quaisquer tipos de ornamentos em suas obras e optar por uma arquitetura mais simplista, na época foi chamada de arquitetura racionalista.

Já nos Estados Unidos, um dos primeiros e mais importantes nomes para o movimento foi o do arquiteto Frank Lloyd Wright, que realizou projetos residenciais com mais formas geométricas e menos elementos decorativos, além de seguir o lema das formas aliadas à função.

Um grande marco histórico na ascensão da arquitetura modernista, foi a criação da escola alemã Bauhaus fundada em 1919 por Walter Gropius, em Weimar. A Bauhaus foi considerada a “escola de arte e arquitetura mais influente do mundo” e um dos seus objetivos era um ensino multidisciplinar que, apesar do foco principal ser arquitetura, integrava artes plásticas, cênicas, artesanato e design no seu programa curricular e tinha como objetivo aliar a modernidade ao design e arquitetura, com foco na funcionalidade das obras, mas sem dispensar a beleza e a criatividade de suas produções. 

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A escola rompeu com diversos paradigmas, como a inclusão de mulheres, além da produção de todo tipo de arte considerada disruptiva para os conceitos da época. Segundo a diretora Dessau Claudia Perren:

"Gropius disse uma vez que (a escola Bauhaus) não era um estilo, mas uma atitude. Seu legado consiste em permanecer aberto e buscar outras abordagens em todos os campos da arquitetura (...)”. 
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Fonte: zheit

No cenário de pós guerra, da qual foi criada a escola da Bauhaus ainda havia uma grande tensão política e, após intensa perseguição, a escola foi obrigada pelo governo nazista a encerrar suas atividades em 1930. Contudo, seu legado se expandiu para o mundo inteiro e impactou diretamente no significado da arquitetura modernista, repercutindo ainda hoje no modo de produzir não só arquitetura, mas outras diversas formas de arte, como o design gráfico, design de mobiliário, entre outros. Além de refletir nos estilos arquitetônicos que vieram depois, como a arquitetura pós moderna. 

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Fonte: Marcel Breuer, El país

Quais as características da arquitetura modernista 

Uma das principais premissas da arquitetura modernista, é a de que a forma deve seguir a função, além de priorizar as formas simples e geométricas e suprimir ornamentos das suas obras. 

Apesar da simplicidade, as obras da arquitetura modernista não perdem a monumentalidade, manifestada pelos elementos arquitetônicos que compõem um edifício moderno, que são os chamados “Os cinco pontos da arquitetura moderna” que o arquiteto Le Corbusier instituiu como premissas a serem seguidas. São eles:

1. Fachada livre 

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Diretamente conectada com o conceito de planta livre, a fachada livre e janelas em fita e preza pela uniformidade visual, não possuindo divisórias ou vedações aparentes. 

2. Janelas em fita

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Janelas com esquadrias de ferro e trabalho em vidraçaria de grandes janelas contínuas dão amplitude às edificações e proporcionam esteticamente a percepção de um elemento único. Além de trazer iluminação natural para o interior da edificação e integração do interno com o externo, emoldurando a paisagem. As janelas em fita também evitam a utilização de ornamentos na fachada, já que são ocupadas por esquadrias de vidro.

3. Pilotis

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Os pilotis são pilares estruturais que substituem as paredes no térreo de uma edificação para proporcionar espaços abertos e fluxo livre. Ademais, esses elementos são capazes de propiciar fluidez por meio dos vãos, os pilotis também provocam um aspecto de leveza ao edifício. 

4. Terraço-jardim

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Fonte: jovempan Fábio Motta/Estadão

O terraço jardim ou telhado verde é uma cobertura que pode ser ocupada e substitui os telhados tradicionais através de um trabalho paisagístico no terraço do edifício, valoriza a combinação de arquitetura e natureza, além de trazer funcionalidade à cobertura. 

5. Planta livre 

Espaços abertos que proporcionam a integração entre os ambientes. A planta livre permite uma maior articulação, permeabilidade e flexibilidade num projeto arquitetônico. 

Além dos cinco pontos da arquitetura modernista propostos por Le Corbusier, podem ser citadas outras características do modernismo na arquitetura, como: 

6. Minimalismo

São priorizadas as formas simples e a rejeição aos ornamentos e elementos decorativos, além do uso da cor branca ou cores primárias nos edifícios. 

7. Funcionalismo

Preza a função que antecede a forma. A materialização desse conceito deu-se a partir da casa como “máquina de morar” idealizado por Le Corbusier, em que a arquitetura deveria acompanhar o estilo de vida moderno a partir do avanço tecnológico e industrial também dentro de residências, pensando em mecanização na moradia com intuito de expandir a revolução industrial também para dentro dos lares, selando o pacto da modernidade na arquitetura residencial. 

Uma das maiores representações práticas da casa como máquina de morar, foi a Villa Savoye, inaugurada em 1929 e também projeto de Le Corbusier. Inspirada na tecnologia de design de navios a vapor, o arquiteto propõe uma casa com fluxos e usos racionalizados com uma estética minimalista que simboliza todos os famosos “cinco pontos da arquitetura moderna”. 

Interdisciplinaridade 

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Fonte: Archdaily 

A arquitetura modernista valoriza a intersecção entre várias disciplinas, de forma que, a arquitetura não pode ser considerada como uma obra isolada, mas sim como um conjunto de arquitetura, design, artes plásticas e paisagismos relacionados para a composição de uma única obra. 

Desse modo, nas obras modernistas era extremamente comum que o autor do projeto arquitetônico também produzisse o design do mobiliário, pois acreditava-se na importância da interdisciplinaridade entre as formas de arte. Ademais, as escolas modernistas, já possuíam no seu plano acadêmico a troca entre as múltiplas formas de arte.

Arquitetura moderna brasileira 

A arquitetura moderna brasileira foi fomentada a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, que disseminou brasilidade por meio de valores nacionalistas e decoloniais na produção de todo tipo de arte nacional, buscando gerar uma identidade própria com base no que fosse produzido no país. A partir do final da década de 1930 a arquitetura moderna brasileira se deu de maneira mais expressiva e os princípios ufanistas da Semana de Arte Moderna inspiraram a produção de uma arquitetura que fosse adaptada ao clima, modo de vida e materiais nacionais, seguindo alguns preceitos da arquitetura vernacular.

O pioneiro da arquitetura brasileira moderna foi o arquiteto e urbanista Lúcio Costa, diretor da Escola Nacional de Belas Artes, fundada em 1931 no Rio de Janeiro, onde ensinou os conceitos da arquitetura modernista aos seus alunos, dentre eles, o arquiteto Oscar Niemeyer, que também foi estagiário no escritório de Lúcio. 

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Oscar também foi um dos grandes nomes do modernismo no Brasil, com mais de 600 obras espalhadas pelo mundo. O arquiteto foi conhecido por seu estilo único e principalmente pelos projetos que exploravam as formas curvas e os vãos livres. Niemeyer também atuou junto a outros arquitetos modernistas, como Le Corbusier. 

A arquitetura e urbanismo do movimento modernista produzidos no Brasil, tornaram-se referências internacionais, a exemplo de Brasília - capital do país com projeto urbanístico por Lúcio Costa e edifícios monumentais projetados por Oscar Niemeyer- a capital federal é reconhecida como canteiro de experimentações dos ideais modernistas para uma cidade. 

Exemplos de arquitetura modernista 

Internacionais 

Pavilhão de Barcelona- Barcelona, 1929

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Projetado pelo arquiteto Ludwig Mies Van Der Rohe, o edifício Pavilhão de Barcelona foi construído para a feira mundial em Barcelona e a priori deveria ser demolido, porém a obra se tornou permanente e atualmente representa um dos maiores marcos para arquitetura modernista e referência para arquitetura pós moderna e contemporânea. 

Farnsworth (Casa de Vidro)- Illinois, 1945 

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Fonte: Archdaily 

Projetada pelo arquiteto Mies Van Der Rohe, a Casa de Vidro é um dos ícones da arquitetura modernista e incorpora os conceitos minimalistas na arquitetura com fachadas completamente compostas por vidro, possibilitando assim uma integração com a natureza. 

Unité d’Habitation- Marselha, França, 1947

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Unidade habitacional de caráter modernista projetada por Le Corbusier e pelo arquiteto Nadir Afonso, o edifício modular fez parte de um programa de reconstrução do governo francês após a Segunda Guerra Mundial e traduz todos os cinco elementos da arquitetura modernista

Nacionais 

Museu de Arte da Pampulha- Belo Horizonte, 1943

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Fonte: Galeria da arquitetura - Marcelo Palhares Santiago

Incluso no complexo de edifícios - composto por cassino, salão de dança, restaurante, iate, clube de golfe, igreja e uma residência para o prefeito- o Museu de Arte da Pampulha, antigo Cassino, foi projetado por Oscar Niemeyer e pelo engenheiro Joaquim Cardoso e representa uma das obras exemplares de uma arquitetura modernista

Palácio Gustavo Capanema - Rio de Janeiro, 1945

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Fonte: Archdaily- Oscar Liberal/ Iphan

Marco na arquitetura moderna brasileira, o edifício Gustavo Capanema, originalmente Ministério da Educação e Saúde, foi projetado por uma equipe de arquitetos composta por Lúcio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Machado Moreira e Le Corbusier. O edifício segue fielmente os princípios de Le Corbusier, composto por pilotis, planta livre, janela em fita, fachada livre e terraço jardim - projetado pelo artista plástico e paisagista modernista Roberto Burle Marx-. 

Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho), 1947

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Fonte: Archdaily- Nabil Bonduki 

O conjunto residencial foi projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, com a função de abrigar funcionários públicos no Rio de Janeiro. O edifício segue os princípios de Le Corbusier, com uso de concreto, janela em fita, planta livre e ao mesmo tempo também aplica também referências arquitetônicas de Oscar Niemeyer, como as formas curvilíneas. 

Casa de Vidro - São Paulo, 1951

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Fonte: archdaily 

Inspirada pela Casa de Vidro de Mies Van Der Rohe, o projeto da arquiteta Lina Bo Bardi é marcado pelo uso de concreto, aço, vidro e pilotis. A residência modernista foi tombada como patrimônio histórico de São Paulo em 1987. 

Até a próxima, 

Equipe Vobi 

Referências: 

www.todamateria.com.br

www.citaliarestauro.com

www.preparaenem.com

www.designingbuildings.co.uk

www.brasil.elpais.com

www.zheit.com.br

www.historiadasartes.com

www.atelieurbe.com

www.vivadecora.com.br

www.brasilparalelo.com.br

www.arquiteturadobrasil.wordpress.com

www.vitruvius.com.br

www.europeana.eu

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