Arquitetura e Urbanismo
May 3, 2023

Arquitetura e Urbanismo: entenda os conceitos e diferenças

A arquitetura e urbanismo estão presentes na humanidade desde os primeiros assentamentos pré-históricos. Os conceitos dessas disciplinas, bem como suas técnicas, foram evoluindo de acordo com o desenvolvimento da sociedade, sempre refletindo os valores e pensamentos de uma determinada época. Apesar de serem por vezes confundidas, a arquitetura e urbanismo são disciplinas diferentes que se comunicam na concepção de espaços. Nesse artigo você vai entender as semelhanças e diferenças desses conceitos, suas histórias e características.

Aproveite a leitura!

O que é arquitetura e urbanismo?

As definições de arquitetura e urbanismo são entrelaçadas, pois a arquitetura está inserida no urbanismo e ambos compartilham de conceitos semelhantes. Porém essas disciplinas são distintas e possuem características específicas, principalmente no que diz respeito ao produto final, ou seja, a materialização física resultante dessas disciplinas. A seguir, vamos entender cada um desses conceitos separadamente.

Arquitetura

Arquitetura e urbanismo
Casa Naia | Fonte: archdaily

O conceito de arquitetura, no âmago da palavra, se refere a edificação, pois o vocábulo “arquitetura” é de origem grega, onde “arché” significa primeiro ou principal e “tékton” significa construção. Apesar da definição do nome que perdura até os dias atuais ser oriundo da Grécia antiga, o conceito de arquitetura é muito anterior à essa civilização, remetendo aos primeiros povos sedentários da humanidade.

Com a revolução agrícola, o ser humano migra da vida nômade para o sedentarismo e com esse novo estilo de vida surge a necessidade de construir abrigos. Logo, desde o princípio, a arquitetura está conectada à função que, neste caso, era principalmente a proteção contra intempéries e a segurança. Com o passar do tempo, o conceito de arquitetura passa a assumir, além da funcionalidade, atributos estéticos e de conforto, evoluindo para as definições que conhecemos hoje. 

"A arquitetura pode ser definida como a relação entre o homem e o espaço, ou melhor, a forma como ele interfere no meio criando condições estéticas e funcionais favoráveis para habitação, utilização e organização dos ambientes.”

Existem várias definições do que é a arquitetura, desde conceitos mais técnicos, até descrições mais poéticas, isso porque essa disciplina abrange ambas as vertentes. O conceito mais racional de arquitetura está ligado ao material, a manifestação física de um espaço no qual ocorre uma determinada função. Esse conceito geralmente é o mais associado ao imaginário coletivo, onde o arquiteto é o responsável por desenhar um espaço que será calculado estruturalmente por um engenheiro e erguido pelos construtores. 

“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção.” 

Seguindo uma vertente mais abrangente, a arquitetura pode ser lida como uma manifestação política e cultural, como é o caso da arquitetura vernacular, que carrega na configuração dos espaços não apenas a funcionalidade, mas a identidade de um povo. Ainda nessa vertente, a arquitetura está diretamente conectada com a percepção humana do espaço, onde entram os conceitos de neuroarquitetura, os quais afirmam que o ambiente afeta o modo de pensar e viver do ser humano, evocando emoções.

"Arquitetura é uma maneira de ver, pensar e questionar nosso mundo e nosso lugar nele"

Essa concepção é uma via de mão dupla, pois o modo de vida do ser humano também reflete na arquitetura que ele reproduz, é o caso, por exemplo, da arquitetura sustentável, que veio como uma resposta ao novo pensamento mundial de sustentabilidade. Além disso, com o passar do tempo a arquitetura assume o caráter artístico, acompanhando as tendências de estilo que todas as demais artes presenciaram, como a arquitetura gótica, seguida do renascentismo, modernismo, etc. 

Urbanismo

Arquitetura e urbanismo

A palavra “urbanismo” vem de “urbis” que significa literalmente cidade em latim. Apesar de já existirem os assentamentos, a disciplina só nasce de fato após a revolução industrial, com o principal objetivo de ordenar o caos gerado pelo êxodo rural e rápida intensificação dos núcleos urbanos. Portanto, o urbanismo, assim como a arquitetura, também nasce com uma função muito bem definida: a organização dos espaços urbanos para a execução de várias funções conjugadas. 

Nesse sentido, a arquitetura e urbanismo são muito similares, pois ambos tratam da projetação de um espaço funcional. Porém, a complexidade e escala de projeto são muito distintas. Enquanto a arquitetura lida com um edifício, o urbanismo lida com toda a cidade, sendo uma disciplina que estuda e pesquisa o comportamento humano no ambiente urbano para identificar estratégias e melhorias daquele espaço. 

“o urbanismo é a ciência que se ocupa da organização de um espaço urbano acompanhando seu desenvolvimento com o objetivo de buscar a melhor localização para as ruas, para os edifícios, as instalações públicas de maneira que a população que viva nestes espaços encontre um lugar agradável e também cômodo e com adequadas condições sanitárias para viver.”

O urbanismo pode ser abordado em duas vertentes, a de planejamento e a de projeto. O planejamento está principalmente relacionado a ordenação do crescimento, onde os resultados do plano só serão observados anos após sua implementação. Essa vertente tem como produto leis, sendo a principal delas o PDOT - Plano Diretor de Ordenamento Territorial. O PDOT e outras leis urbanas contam com a participação dos cidadãos, considerando as características da cidade e cultura das pessoas para conceber um plano, o qual vai determinar a configuração de vias, visuais interessantes, distribuição de edifícios, áreas livres, áreas de risco, zoneamento de usos, gabaritos dos prédios, etc.

A segunda vertente é a de projeto e pode resultar em cidades totalmente projetadas, como é o caso de Brasília e Chandigarh. Porém, dificilmente o arquiteto urbanista terá a oportunidade de conceber uma cidade inteira, de forma que a prática urbanística é muito mais visível em ações implementadas em um malha urbana já consolidada. Na verdade, essa é a principal demanda da disciplina, pois grande parte dos centros urbanos nascem “espontaneamente” e após sua consolidação desordenada surgem problemas que serão solucionados pelo urbanismo, tanto por meio de projetos quanto através das leis de planejamento.

A arquitetura e urbanismo trazem conceitos semelhantes. Por exemplo a sustentabilidade, que pode ser traduzida na escala urbana através das áreas de preservação e infraestruturas sustentáveis. A qualidade de vida pode estar em parques, favorecendo a saúde mental e física, qualidade do ar, mobilidade otimizada, etc. Assim como a neuroarquitetura, a configuração da cidade também pode interferir na percepção das pessoas e é possível projetar espaços mais amigáveis para seus habitantes. 

Arquitetura e urbanismo
Shanghai Houtan Park | Fonte: archdaily

O urbanismo como ato político trata de questões sociais e grande parte das vezes lida com conflitos territoriais. Dessa forma, essa disciplina vai estar conectada ao direito da cidade e tem a nobre função de tornar o espaço público e acessível para todos os cidadãos, desde as classes mais altas até os moradores de rua. Com todas essas variáveis, entende-se que a arquitetura e urbanismo é muito mais do que a organização do espaço funcional, ela é a expressão que interfere na vida das pessoas que ali habitam. 

A história da arquitetura e urbanismo

A história da arquitetura e urbanismo tem início ainda na pré história, no período neolítico, quando a revolução agrícola permite que o homem abandone a vida nômade, onde se buscava condições melhores de sobrevivência constantemente, e passa a estabelecer assentamentos, marcando o sedentarismo. Esses assentamentos são o embrião do urbanismo e marcam as primeiras arquiteturas que possuem a função de proteger contra intempéries, predadores e outras ameaças. As técnicas observadas são de casas cavadas e um primeiro domínio da pedra, erguendo os primeiros monumentos da humanidade. 

Arquitetura e urbanismo
Stonehenge | Fonte: Mundo viajar

As primeiras casas de tijolos são datadas de 7000 a.C. na região entre o Oriente Médio e a Ásia Central, onde se utilizava o barro, água e sol para confecção dos tijolos. As primeiras cidades começam a aparecer um pouco depois, em 6500 a.C. como Catal Huyuk, na Turquia. Muito tempo se passou e conforme a humanidade se desenvolvia como sociedade, o mesmo ocorria com sua arquitetura e urbanismo. A primeira civilização que se destaca é a Mesopotâmia em 5000 a.C., área hoje correspondente ao Irã e Iraque. 

Os sumérios que habitavam essa região, às margens do rios Tigres e Eufrates, construíram as primeiras cidades com templos de barro seco ao Sol. Vale ressaltar que, nessa época, a arquitetura e urbanismo estava muito ligada a religião - conexão que se manteve até a idade média - e grande parte das construções que sobreviveram ao tempo são templos e tumbas que eram feitos para durarem a eternidade, diferentemente das arquiteturas residenciais que eram mais simples. O período neo-sumeriano trouxe revoluções na arquitetura, dentre elas os zigurates - templos mais complexos em estruturas escalonadas. 

Arquitetura e urbanismo
Zigurate | Fonte: Apaixonados por História

Próximo da Mesopotâmia, com a união política dos povos que habitavam as margens do Rio Nilo, se consolida a civilização do Egito, datada em 4000 a.C. A arquitetura emblemática das tumbas nasce das mastabas, evoluindo para as pirâmides. O povo egípcio é o responsável pela evolução da técnica de construção com pedras, que configuraram a durabilidade necessária aos deuses e faraós, a qual não podia ser garantida com barro. Além disso, essa civilização é responsável pelos encaixes de madeira para empilhar as pedras, materializando construções monumentais sem massa para prendê-las.

Já no século XV a.C. a arquitetura e urbanismo tem um grande avanço, onde se destaca a civilização da Grécia Antiga. As obras eram inspiradas em geometria, proporções e cálculos, originando uma arquitetura muito racional que iria inspirar movimentos futuros, como o renascentismo e o neoclássico. O principal material utilizado era o mármore com encaixe de madeira semelhante aos do Egito, e posteriormente dobradiças de metal possibilitando construções monumentais que também estavam muito conectadas à religião

Os gregos também conceberam espaços para estudo, filosofias e discussões, pois é nesse período que surge a democracia, diferindo bastante das civilizações egípcia e persa. Essa arquitetura antiga trouxe as ágoras (espaço para discussão), acrópole (espaço para religião) teatros de arena e arenas esportivas. Esses espaços foram adaptados pelos romanos, os quais trouxeram os arcos estruturais e a técnica de mistura de areia vulcânica com calcário e ladrilhos quebrados, parente ancestral do cimento

Arquitetura e urbanismo
Coliseu | Fonte: Dicas da Itália

Chegando na Idade Média, do século V ao século XV, o modelo principal de sociedade é o feudalismo. A arquitetura e urbanismo são traduzidos em vilas dentro de muros e as principais construções são as igrejas religiosas, até então bem robustas, erguidas no estilo românico. O urbanismo nessa época se define como “um conjunto de edifícios dispostos em ruas e cercados por um muro comum”. 

Com a intensificação das rotas marítimas e troca de culturas, as técnicas de construção são aprimoradas e surge a arquitetura gótica, com dimensões monumentais, amplos vitrais e forte conexão com o religioso. Posteriormente ocorreu a Renascença (Séc. XIV - XVI), com berço na Itália, a qual prega a razão sobre a fé. O movimento precursor do Iluminismo repudia a ornamentação e prega a arquitetura e urbanismo clássicos, aos moldes das organizações greco-romanas. É nesse contexto que a privacidade dos espaços passa a tomar destaque e se originam os primeiros cuidados com a arquitetura de interiores

A virada do Século XX trouxe a Revolução Industrial, e com ela muitas mudanças na concepção da arquitetura e urbanismo. No âmbito da arquitetura, o destaque vai para os novos materiais: vidro, aço e posteriormente concreto armado. A arquitetura passa por uma série de tendências, primeiro o maneirismo e barroco, que retomam a ornamentação em oposição ao renascentismo, depois o neoclássico resgata a clareza e simplicidade, negando o barroco. A arquitetura brasileira trouxe ainda o ecletismo após o neoclássico, que configura uma fusão de estilos, até chegar ao modernismo.

A Revolução Industrial causou o êxodo rural e massificação das cidades, que se tornaram aglomerados desorganizados e insalubres. Diante desse cenário, o urbanismo surge como uma ciência,  a qual considera a morfologia urbana, obras públicas e planejamento, mas se difere das outras concepções de “urbanismo” por agregar o pensamento crítico e reflexivo da cidade, bem como a pretensão científica, abordando práticas sociais, pensamento urbano, legislação e direito à cidade. 

O modernismo é o estilo que se consolida como a resposta ao estilo de vida do homem contemporâneo. Ele traz simplicidade e funcionalidade. Oriundo da escola Bauhaus e do Movimento De Stijl, o modernismo é carregado de um discurso social e estético, pensando no novo modo de vida industrial e trazendo a renovação do ambiente habitável. Seus ideais são refletidos em várias escalas, desde a arquitetura e urbanismo, até mobiliários e utensílios.

O urbanismo moderno está muito próximo da ideia de utopia e tem bastante preocupação com higiene, tendo em vista os problemas derivados da insalubridade das cidades industriais. Esse modelo, que está presente em Brasília, preza por amplas áreas verdes, edificações espaçadas, insolação, separação e afastamento das vias de circulação de pedestres e automóveis. A arquitetura se traduz em linhas retas e simples, pilotis, janelas em fita, fachada e planta livre e pouca ornamentação. 

As últimas décadas do século XX trouxeram a arquitetura e urbanismo contemporânea, estilo que segue até os dias atuais. A arquitetura contemporânea não possui regras rigidamente definidas, porém ela possui algumas características, como a concepção de uma arquitetura sustentável. A estética é muito variável, a arquitetura brasileira segue uma linha minimalista, herdada do modernismo, outras vertentes trazem formas futuristas, releituras do passado e a desconstrução do movimento moderno, o desconstrutivismo

O urbanismo contemporâneo também teve seus ideais repensados. Os amplos espaços vazios dos ideais modernos e a escala monumental estão fora do alcance do pedestre, resultando em centros urbanos que não são caminháveis. O zoneamento rígido gera o esvaziamento de setores da cidade de acordo com o horário, ocasionando áreas tediosas e inseguras. O abandono da concepção de ruas também é problemático, pois se perde o contato, a vigilância de crianças, trocas de relações, etc.

Na cidade contemporânea, as distâncias devem ser caminháveis e, para isso, a cidade deve abrigar funções distintas em zonas mistas. Isso permite que o deslocamento para o trabalho e o lazer sejam facilitados, além de manter as áreas sempre ativas, pois os bairros assumem funções diurnas e noturnas. As ruas devem ser vivas e animadas, locais de comércio e troca, ao invés de passeios isolados no verde.

Apesar de não possuir uma unidade estética, a arquitetura e urbanismo contemporâneos possuem princípios característicos, como a preocupação com a sustentabilidade, conforto ambiental, funcionalidade e bem estar do usuário. As cidades e construções refletem o modo de viver do ser humano em um determinado período, e a arquitetura e urbanismo contemporâneo traduzem bem o momento atual de quebra de paradigmas, preocupação com o meio e com o ser humano

Arquitetura e urbanismo
Centro Cultural Heydar Aliyev | Fonte: Eixo arquitetura

Características da arquitetura e urbanismo

Apesar das escalas distintas, a arquitetura e urbanismo possuem aspectos semelhantes, pois ambos têm como objetivo primordial a organização de um espaço funcional. Nesse sentido, o projeto arquitetônico é muito próximo da vertente do urbanismo relativa a projetos urbanos. Já a vertente de planejamento urbano possui alguns aspectos diferentes em relação à arquitetura, principalmente o produto que, como visto anteriormente, são leis urbanísticas. A seguir, vamos ver as características dessas disciplinas:

  • Público: a arquitetura e urbanismo é feita para um determinado público, portanto, o estudo e entendimento dos usuários é fundamental para a elaboração de projetos e planos.
  • Função: os projetos devem ter suas funções bem claras e definidas. Para isso, é elaborado o programa de necessidades - relação de todas as atividades que vão ocorrer em um determinado local com suas exigências e restrições.
  • Conceito: os projetos de arquitetura e urbanismo partem de um conceito teórico, o qual vai guiar toda a concepção. Esse conceito pode ser abstrato, como “permeabilidade” e “leveza”, ou pode ser mais concreto como, por exemplo, a própria função do espaço. Essa última abordagem é interessante porque induz o arquiteto urbanista a pensar no âmago da função, além dos paradigmas estabelecidos. 
  • Partido: é a ideia preliminar do espaço projetado. O partido não necessariamente apresenta a forma ou planta do projeto, ele abriga as questões conceituais e traz os primeiros esboços de configuração espacial. O partido prioriza um ou mais elementos - pode ser a estrutura, os fluxos, a iluminação, as visuais, dentre outros, geralmente de acordo com a função e conceito - e a partir daí se desenvolvem as outras características do projeto, por isso se chama “partido”. 
  • Terreno: o estudo do terreno é um dos fatores mais importantes para a arquitetura e urbanismo, pois a prática dessa atividade é justamente a intervenção humana no meio natural, logo, é fundamental entender esse meio. Para a arquitetura, o conhecimento do terreno implica em aspectos como a implantação, aproveitamento da luz e ventilação natural. No urbanismo, esse estudo é muito mais complexo, pois abrange questões como o escoamento das águas urbanas, áreas de risco, impactos ambientais e impactos de vizinhança. Geralmente essas questões são estudadas na vertente de planejamento. 
  • Dimensionamento: após entender as funções, o público e o espaço disponível do terreno, o arquiteto urbanista é capaz de elencar as atividades principais e definir quais áreas necessitam de mais ou menos espaço. O dimensionamento conta com valores mínimos aceitáveis e desejáveis, considerando a capacidade de abrigar o mobiliário necessário e a ergonomia. Já o planejamento urbano considera aspectos como distâncias estratégicas de equipamentos semelhantes, dimensionamento de infraestrutura, etc.
  • Organização: etapa crucial da arquitetura e urbanismo, é o momento onde o arquiteto urbanista vai distribuir as áreas descritas no programa de necessidades ou o zoneamento, estabelecer fluxos, acessos e ligações entre espaços. O dimensionamento e a organização também são guiados pelo conceito e pelo partido. 
  • Legislação: ao projetar, o arquiteto urbanista deve respeitar todas as leis urbanas que o terreno escolhido está submetido, sendo as principais o uso (funções permitidas na zona urbana em que o terreno está inserido), gabarito (define a altura máximo da edificação), a taxa de permeabilidade (quanto de área verde permeável deve ser mantida) e o coeficiente de aproveitamento (relação entre a área total e a área construída). É interessante notar que, enquanto a arquitetura segue essa legislação, o urbanismo é o responsável por criar essas leis, através da vertente do planejamento. 
  • Representação: etapa em que a arquitetura e urbanismo se materializam visualmente para entendimento e execução, usualmente por meio de plantas, cortes, fachadas, esquemas, maquetes, croquis e perspectivas. O planejamento urbano geralmente é mais abrangente, ele trabalha com mapas ao invés de plantas, projeções do futuro, esquemas, maquetes e descrições detalhadas da cidade.
  • Compatibilização: a arquitetura e urbanismo são disciplinas colaborativas e dependem de vários outros setores para sua materialização, como por exemplo engenheiros e eletricistas. O urbanismo, apesar de também passar por uma compatibilização pós projeto, também possui uma espécie de compatibilização pré projeto, pois grande parte das vezes as intervenções e planos são realizados de forma colaborativa com os moradores, onde é necessário alinhar as expectativas durante o desenvolvimento do produto urbano.

Exemplos de arquitetura e urbanismo

Para deixar bem claro o que é arquitetura e urbanismo, vamos apresentar alguns exemplos de ambas as disciplinas. A arquitetura trabalha com uma escala mais reduzida, geralmente o número de usuários é menor, por exemplo uma casa, a qual atende um núcleo familiar, ou um restaurante, onde os usuários são clientes e funcionários. A arquitetura também pode assumir projetos de funções complexas, que abrangem um número maior de usuários e conjugam mais funções em um mesmo espaço, é o caso de hospitais, escolas, aeroportos e estádios.

Arquitetura e urbanismo
Aeroporto de Florianópolis | Fonte: Archdaily

A arquitetura efêmera é configurada por estruturas temporárias que servem a diversos propósitos. Podem ser pavilhões sazonais, experimentos espaciais em pontos da cidade e abrigos emergenciais. Com a COVID-19 se observou os diversos hospitais de campanha, erguidos para servir a um propósito momentâneo. Esse tipo de arquitetura é muito importante para uma era mutável e de constante adaptação. Um dos exemplos mais famosos são os circos itinerantes, geralmente em estruturas tensionadas, muito utilizadas nessa tipologia. 

Arquitetura e urbanismo
Tenda de Maidan | Fonte: archdaily

Nem sempre a arquitetura se trata do fechamento de um espaço, às vezes ela pode ser simplesmente uma cobertura que protege uma área para determinada função. É o caso de coberturas para paradas de ônibus, coberturas para feira e conchas acústicas. A arquitetura pode ser inclusive um espaço aberto, delimitando e organizando a área com outros elementos. É o caso de teatros de arena e parques, este último geralmente concebido em colaboração com o paisagismo.

Arquitetura e urbanismo
Concha acústica | Fonte: Flickr Francisco Aragão

O urbanismo, em sua vertente de projeto, pode conceber cidades completas, como é o caso de Brasília, que teve todo o projeto do Plano Piloto concebido por Lúcio Costa. Nesse contexto são definidos os zoneamentos, a mobilidade, a disposição e tipologia das arquiteturas, distribuição de equipamentos e áreas verdes, definição de visuais, organização de fluxos e funções, dentre muitos outros aspectos.

Arquitetura e urbanismo
Plano Piloto de Brasília - Projeto x Construção | Fontes: patrimônio.org e núcleo do conhecimento

Porém, como dito anteriormente, muito dificilmente o arquiteto urbanista terá a oportunidade de projetar uma cidade completa, mas isso não significa que a atuação no campo do urbanismo é menos interessante, muito pelo contrário, as intervenções em malhas consolidadas requerem um respeito especial em relação à vida urbana consolidada e também a expertise de atuar de maneira assertiva nesses espaços. 

É o caso de revitalização e requalificação de espaços urbanos. Podem ser recortes menores como parques, praças e entornos de equipamentos importantes, por exemplo estações de metrô, ou recortes maiores abrangendo, por exemplo, um segmento de orla ou todo um bairro. A requalificação implica a mudança da função dos espaços, gerando resultados muito interessantes como o reuso de edificações históricas ou estruturas que não possuem mais a função original.

Como exemplo podemos citar o Parque da Juventude, em São Paulo, que utilizou a antiga estrutura do presídio do Carandiru para criar um ambiente urbano com outra função. Um exemplo internacional muito conhecido é o High Line Park em Nova York, que transformou uma ferrovia abandonada em um parque linear.

Arquitetura e urbanismo
High Line Park | Fonte: Archdaily

A arquitetura e urbanismo estão presentes na vida humana desde o início das primeiras sociedades, sua principal função é a configuração espacial, porém os conceitos são muitos mais abrangentes, eles são atos políticos e culturais, resolvendo conflitos e respondendo às questões de um determinado povo em uma determinada época. Sua materialização influencia e reflete o modo de vida do ser humano, trata-se do cenário que conta a história de um povo, suas dúvidas, anseios, tristezas e alegrias.


Até a próxima

Equipe Vobi


Referências:

www.decorfacil.com

www.todamateria.com.br

www.archdaily.com.br

www.significados.com.br

www.queconceito.com.br

www.blog.laredo.com.br

www.archtrends.com

www.estudanteuma.wordpress.com

Adoção do partido na arquitetura | laert pedreira neves. Salvador, centro editorial e didático da ufba 1989.

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