O projeto luminotécnico pode ser desafiador em muitos sentidos. O profissional precisa acumular expertises técnicas, ter olhar sensível para as emoções que pretende causar, considerar as características do ambiente, os produtos e o budget do cliente, dentre tantos outros detalhes capazes de impactar não apenas o espaço, mas até a saúde dos usuários. Continue lendo para saber mais!
Ao final do texto você terá aprendido sobre:
Aproveite a leitura!
Projetar iluminação é uma arte à parte no assunto arquitetura e design. São conhecimentos específicos, muito técnicos e, ao mesmo tempo, sensíveis, que impactam de diversas maneiras, não apenas o ambiente, mas também o usuário do espaço.
É preciso conhecer bem os efeitos, as necessidades de cada cômodo, a quantidade de luz requerida, para extrair todos os benefícios que a iluminação consegue proporcionar. O profissional que domina essas competências, invariavelmente, tem destaque no mercado de trabalho, que ainda é muito carente dessas qualificações.
No Brasil, seguimos a Norma brasileira para ambientes de trabalho internos: ABNT, NBR, ISO, CIE 8995-1, que serve de parâmetro norteador para os projetos de iluminação residencial, pois, atualmente, não existe uma norma específica para ambientes residenciais.
As residências diferem dos ambientes comerciais em vários aspectos. Nos lares, questões como quantidade certa de luz no ambiente com fins de produtividade, alto desempenho, segurança do trabalho e demais aspectos funcionais da luz, não são os únicos balizadores das decisões de projeto.
Envolve função estética, tem relação com conforto, conexão com os gostos e estilos das pessoas que vão morar naquele espaço também. Em um projeto luminotécnico residencial o profissional tem em mãos uma demanda maior da sua criatividade, na medida em que ele deve pensar também em criar atmosferas especiais, proporcionar múltiplas sensações e emoções através do espaço.
No geral, a iluminação comunica a personalidade e as preferências dos moradores, sendo um dos elementos mais importantes dos projetos arquitetônicos e de interiores. Afinal, nas palavras de Oscar Niemeyer:
“Uma boa iluminação levanta uma arquitetura medíocre, e uma iluminação ruim acaba com o melhor dos projetos.”
Então podemos considerar que, para gerar esses resultados diversos, tanto práticos, quanto cênicos, a iluminação de residências pode ser feita de incontáveis maneiras. O primeiro passo na hora de projetar é definir o conceito do espaço, considerando as diversas camadas que o constituem: teto, paredes, móveis, pisos, etc.
Entenda que os melhores projetos luminotécnicos são aqueles que não se restringem a iluminação dos tetos ou ao convencional ponto central de luz. Efeitos impressionantes são obtidos quando o profissional compreende que antes de especificar os (belos) modelos de luminárias ou os tipos de lâmpadas, ele precisa estudar o espaço na sua totalidade, em termos de conceito e partido.
Inclua nessa tarefa o estudo das características principais do espaço, como materiais predominantes, cor de parede e do teto, etc., pois todas essas questões também impactam na refletividade e, consequentemente, na quantidade de luz necessária.
Em suma, em um projeto luminotécnico deve-se:
✔ Estudar as sensações desejadas: sossego ou animação, atmosfera cênica ou desempenho de atividade, sensação pessoal ou impessoal;
✔ Estudar os efeitos: tarefa, geral, decoração, usos diversos;
✔ Estudar o que iluminar: Parede, teto, marcenaria;
✔ Estudar como iluminar: Budget e análise do mercado de produtos;
✔ Realizar especificação, cálculo e detalhamentos técnicos.
A verdade é que o projeto de iluminação avalia os usos e se molda para atendê-los. Assim, temos hoje como os três principais tipos de iluminação artificial:
✔ Luz direta;
✔ Luz indireta;
✔ Luz difusa;
A luz direta é aquela que incide sobre certa superfície de forma direta, ou seja, sem nenhum tipo de “barreira” ou filtro. Muito usada em mesas de trabalho ou em quaisquer outras demandas por iluminação funcional.
A indireta, por sua vez, é aquela luz refletida, isto é, que se direciona primeiro para alguma superfície, e a iluminação do espaço, como consequência, provém desse desvio. O efeito é suavizado e isso possibilita soluções bem diferenciadas.
Enquanto que a difusa, refere-se à iluminação obtida através de um difusor, seja ele de vidro, seja de acrílico. Esse tipo de luz diminui os índices de ofuscamento e o efeito alcançado é homogêneo (de baixo contraste), o que transmite maior conforto aos usuários.
Vale sempre ressaltar que o uso do espaço é fator importantíssimo no estudo de um projeto luminotécnico. Sendo assim, recomendamos que esteja claro para você os objetivos daquele espaço desde o começo, inclusive porque hoje, na maioria das vezes, os espaços são multifuncionais e a iluminação precisa acompanhar essa premissa.
Entenda que os efeitos e aplicações da luz estão diretamente relacionados com a escolha dos tipos de iluminação e, em todos os casos, é preciso considerar os objetivos do projeto conforme o uso daquele ambiente.
Normalmente, são possibilidades de iluminação:
✔ Luz geral;
✔ Luz de tarefa;
✔ Luz de destaque;
✔ Luz de decoração;
Em breve síntese, luzes de efeito geral correspondem às fontes luminosas que jogam luz para todos os lados e, em razão disso, funcionam como a luz principal do ambiente. As lâmpadas principais são: bulbo (ou mini bulbo), vela e tubulares (60 cm, 120 cm e 240 cm).
Ambientes de trabalho ou qualquer espaço destinado à execução de atividades, requerem luzes específicas, conhecidas como luz de tarefa. Elas variam, claro, de acordo com a atividade que vai ser executada.
Quando a intenção é iluminar apenas uma certa direção, temos a luz de destaque, ou seja, aquelas direcionadas a alguma posição específica. Ao aplicá-las, é importante atentar para o ângulo de abertura das lâmpadas, pois são os responsáveis pela intensidade luminosa que incide no espaço.
Para cenas de destaque, recomendamos o uso das lâmpadas dicróicas ou mini dicróicas para alcançar efeitos de miniaturização (aqueles mais discreto e pontuais); PAR 20, 30 ou 38 para fachos médios ou abertos; e, ainda, AR 70 ou 111 para fachos médios ou fechados. Quanto maior o ângulo de abertura, maior também é a intensidade luminosa, e esses graus variam, aproximadamente, entre 12º, 24º, 36º e 60º.
Por último, quando quiser proporcionar atmosferas cênicas em um projeto luminotécnico, a luz ideal é a decorativa. Sua aplicação pode ser feita através de lâmpadas como: bipino, vintage, led, filamento e defletoras.
Além disso, destacamos que as fontes luminosas têm aparências diferentes e essa variação acontece por conta da temperatura de cor das lâmpadas escolhidas. É que, dependendo da distribuição espectral, a luz que entendemos como branca tem tonalidades diversas, podendo ser quente ou fria.
Essa temperatura de cor impacta diretamente no corpo e mente dos seres humanos. Quanto mais “amarelada”, maior é a sensação de bem-estar e conforto. A cor quente na iluminação se adequa melhor às propostas intimistas, pessoais e de descanso. Proporciona aconchego e sua estética é elegante, ideal para ambientes internos e residenciais.
Já as cores frias fazem o oposto: despertam os usuários, colocando-os em estado de constante alerta. Quanto mais “azulada”, mais forte é o convite à tomada de ação. Nesse sentido, cores frias não se aplicam em dormitórios ou em nenhum outro cômodo residencial, apenas para espaços comerciais, e, mesmo assim, em propostas muito específicas, a exemplo de clínicas e hospitais.
A unidade de medida utilizada para medir essa grandeza é Kelvin (K). E, segundo a norma: fontes de luz de até 3.300 K são consideradas de temperatura quente; entre 3.300 K e 5.300K a luz é neutra; e acima de 5.300K é fria.
Recomendamos lâmpadas de 2.700K ou 3.000K para a cor quente; 4.000K ou 5.000K para a cor neutra (sendo que a de 5.000K já tem uma tonalidade mais azulada e se não for essa a intenção, é melhor optar por 4.000K); e 5.500K ou 6.000K para a luz fria.
Na hora de criar um projeto luminotécnico, assim como acontece durante a elaboração de qualquer outra prancha do projeto arquitetônico ou de interiores, o profissional utiliza de recursos gráficos de representação.
Como as ideias precisam ser de fácil compreensão, é muito importante que sejam padronizadas e, nesse sentido, falamos em simbologia elétrica para nos referir aos símbolos que identificam os componentes elétricos dentro de um projeto.
São feitas através de geometrias simples, cada uma representando alguma instalação ou ponto elétrico no projeto. Além disso, vale ressaltar, as simbologias devem estar sempre associadas ao uso de legenda, para garantir o esclarecimento do prestador de serviço.
A NBR 5444 da ABNT é a norma de referência nesse quesito. Ela está cancelada desde 2014, contudo, como não foi criada nenhuma outra depois disso, é de livre escolha dos arquitetos se basear nela ou criar suas próprias simbologias e legendas em seus projetos de iluminação.
Confira nosso artigo completo sobre simbologia elétrica, clicando aqui.
Ambientes sem a quantidade ideal de luz são problemáticos em diversos aspectos. Saiba que a iluminação insuficiente dos ambientes prejudica o desempenho das atividades, impacta na segurança das pessoas, força a visão, pode gerar dores de cabeça e tantos outros danos à saúde; assim como, por outro lado, o excesso de luz é sinônimo de desconforto e irritação.
Nesse sentido é que os parâmetros da Norma brasileira 8995-1 de iluminação de ambientes de trabalho internos da ABNT se aplicam ao projeto luminotécnico residencial, não como uma regra, mas como guia. Dentre outras questões, a norma trata da iluminância, ou seja, da quantidade de luz necessária para o exercício das funções nos ambientes, medida em Lux (lúmens).
Para saber se o nível de lúmens no ambiente está correto, é preciso calcular. Você pode fazer isso de várias formas: através de cálculos manuais, sempre muito complexos, usando tanto o método dos lúmens, quanto o método do ponto a ponto (também conhecido como das intensidades luminosas); usar softwares de iluminação; etc.
Pensando em facilitar esse cálculo, nós aqui na Vobi, desenvolvemos uma calculadora de iluminância de interiores totalmente gratuita. Ela foi criada exatamente para ajudar a verificação do nível de luz no espaço, fundamental para o sucesso de um projeto de iluminação.
Para testá-la, não deixe de clicar aqui.
Nesse artigo, falamos sobre o projeto luminotécnico e você pôde perceber quão importante para a arquitetura e o design ele é. A iluminação costuma exigir muito dos profissionais da área e você pode ler nossos outros artigos do blog para se aprofundar em cada um dos temas que abordamos aqui. Conta para a gente depois o que achou?