Uma das principais causas de fechamento de empresas (independente da área) são as brigas entre sócios, perdendo apenas para os equívocos no plano financeiro e a falta de capital.
Aquela clássica cena:
Você se formou na faculdade de arquitetura ou engenharia, e tem uma ideia de abrir o seu negócio.
Você se empolga, convida o colega que fez trabalho com você durante a faculdade, e já chama para uma sociedade…
E o que acontece? 6 meses de empresa e já não dá mais certo.
Se você não passou por isso, eu tenho certeza que conhece alguém que já.
E por mais clichê que seja essa frase, ela é a mais pura verdade:
Você precisa ter tido experiências com ele ou com ela, precisa ter confiança…
E além de tudo: você precisa se conhecer também!
Pois ao longo da jornada empreendedora, haverão momentos de alegrias, de conquistas, mas, na maior parte do tempo, a rotina da empresa trará muita pressão e responsabilidade para ambos e as famosas DRs (Discussões de Relacionamento) serão inevitáveis.
Por isso, perguntas como essas abaixo, serão imprescindíveis:
Como é que esse sócio ou essa sócia reagem em momentos de pressão?
Como é que ele ou ela vai ficar quando vocês não concordarem com alguma situação?
No artigo da Vobi Empreenda de hoje, vou ajudar você a entender qual o melhor momento para ter sócios, como escolher o sócio ideal e quais são as boas práticas para manter essa relação saudável. Confira abaixo.
Afinal, ter ou não ter um sócio?
Eu nem preciso falar para você que a vida de empreendedor não é fácil.
Existem longas horas de trabalho, o constante medo de fracassar, muitas rejeições, etc.
Essa carga se torna ainda mais intensa se você tentar fazer tudo sozinho.
É por isso que fundadores solitários tendem a ter altas taxas de esgotamento.
Mas como em qualquer tendência, também existem exceções.
Independente do tamanho do seu negócio, ou do tempo que sua empresa tem de mercado, essa é uma pergunta que cedo ou tarde vem à mente dos proprietários de qualquer empresa de arquitetura e construção.
Mas para chegar a essa conclusão, se um sócio é bom ou não para o seu negócio, é preciso, primeiro, saber o que isso significa.
Você pode ter um ou mais sócios.
E são eles quem vão te ajudar a administrar e ditar os rumos da sua empresa de arquitetura ou construção.
Compartilhando as responsabilidades, desafios, e criando novas oportunidades para que o negócio cresça.
Será que você realmente precisa de um sócio ou sócia?
Muitos empreendedores têm o talento e os recursos necessários para iniciar um negócio por conta própria.
Eles não precisam de ajuda.
Será que você precisa? Faça essa pergunta.
E não existe resposta certa ou errada aqui, mas reserve um minuto para pensar por que você deseja um parceiro de negócios.
Às vezes, trazer um sócio não é a direção certa.
Sócios podem fazer acontecer, ou quebrar o seu negócio.
Encontrar o parceiro certo pode impulsionar o seu sucesso.
Mas, também, trazer o parceiro errado pode prejudicar o seu negócio e tornar a sua jornada empreendedora um verdadeiro pesadelo.
Isso tudo para dizer que trazer um parceiro não é uma má ideia, apenas se certifique de ter uma boa razão.
Então, independente se você está abrindo o seu próprio negócio, ou se está com mais tempo de empresa, para mim, essa é a principal razão que você deve levar em conta ao cogitar ter um sócio:
Certo, você acredita que iniciar uma sociedade vai te ajudar a crescer o seu negócio de arquitetura e construção. E agora?
A escolha do seu sócio precisa ser baseada em uma série de critérios que devem ser considerados antes da oficialização da sociedade.
Porém, antes de pensar em escolher o seu sócio, é muito importante você retomar alguns pontos:
Trabalhe o seu autoconhecimento.
Antes de buscar o seu parceiro ideal, faça uma imersão em si.
Compreenda quais são suas próprias habilidades, metas e fraquezas.
E se as suas respostas foram positivas para os pontos acima, você está pronto para ter uma sociedade.
Uma coisa é fato: o seu sócio ou sócia, será alguém com quem você passará muito tempo.
Portanto, tenha em mente que você provavelmente acabará passando mais tempo com essa pessoa do que com o seu esposo ou esposa, filhos ou cachorro.
E dessa forma, você vai querer ter certeza de que suas personalidades se encaixam, e que você precisará de alguém que consiga se autogerenciar e trazer novas habilidades.
Há muito o que procurar, então tentei reduzir em 8 pontos, com base na minha experiência e que acho importantes para buscar em um sócio para o seu negócio de arquitetura e construção:
O que ele ou ela querem do negócio?
Estão procurando se dedicar a longo prazo e criar uma empresa feita para durar, ou esperam construir e sair o mais rápido possível?
Tenha certeza absoluta de que vocês estão na mesma página.
Por exemplo, se você deseja construir um negócio de longo prazo e seu parceiro quer ganhar dinheiro rapidamente, vocês entrarão em conflito quando se trata de planejamento.
Uma dica é perguntar ao seu potencial parceiro sobre seus objetivos:
Onde eles veem o negócio em 1 ano, 5 anos ou 10 anos? Como eles definem "sucesso"?
E lembre-se de que não há uma resposta certa aqui.
Você só precisa garantir que vocês compartilham a mesma visão.
Seu parceiro prefere conversar pessoalmente ou ter conversas difíceis por e-mail?
Eles são do tipo que fica em segundo plano e observa silenciosamente ou levantam preocupações imediatamente?
Provavelmente você não encontrará alguém com o estilo de comunicação exatamente igual ao seu (falo por experiência própria), e está tudo bem.
Não existe receita de bolo aqui, mas você precisa garantir que os seus estilos se encaixem.
Por exemplo, se você detesta falar ao telefone, você vai querer encontrar um parceiro que não vai ligar para você várias vezes ao dia.
E se você gosta de passar a maior parte do dia trabalhando intensamente, você vai querer encontrar um parceiro que não vai te interromper ou bater na porta "apenas para conversar".
Seu parceiro já fundou uma empresa antes? E você?
Não é preciso ter necessariamente o mesmo nível de experiência.
Se você conseguir encontrar um parceiro experiente, parabéns.
No entanto, a menos que você tenha uma ideia brilhante e revolucionária, essa pessoa pode querer alguém do mesmo nível que ela.
A parceria precisa ser adequada para ambas as partes - não apenas para você.
Esse ponto é crucial!
Seu parceiro deve complementar suas habilidades, e não replicá-las.
Você não quer alguém exatamente como você.
Você quer alguém que possa agregar algo novo e valioso à mesa.
Por exemplo, se você é um Arquiteto mais comunicativo, que possui habilidades de criar relacionamentos, talvez você precisa de um profissional mais técnico ao seu lado.
Embora fosse bom que o pessoal e o profissional ficassem separados, isso não acontece.
É muito difícil você separar esses dois âmbitos da sua vida.
Garanta que suas personalidades se encaixem quando vocês passarem horas, dias, semanas e anos juntos.
Não precisam ser melhores amigos, mas você precisa se dar bem (e preferencialmente gostar um do outro).
Lembre-se, você não está procurando um parceiro romântico ou uma alma gêmea.
Você está procurando um sócio, um parceiro ou parceira de negócios.
Vocês vão dividir os lucros igualmente?
Alguém fará mais e, portanto, merecerá mais participação acionária?
Finanças podem ser uma das maiores causas de desentendimentos entre parceiros - resolva isso desde o início para evitar que cause uma ruptura irreparável.
Acredite: não espere para ter essas conversas depois.
Chegue a um acordo sobre a participação acionária antes de assinar qualquer documento.
Todos têm coisas das quais não se orgulham, mas vocês dois (ou mais) precisam estar cientes disso - você não quer surpresas mais tarde.
Pode parecer intrusivo, mas tem coisas que você precisa saber antes de formar uma relação financeira legal com outra pessoa:
Esta pessoa já pediu falência alguma vez?
Tem uma reputação positiva?
Costuma trocar de emprego com frequência?
Avalie os potenciais sócios, você pode marcar seu checklist (literalmente) para ver se eles são a combinação certa.
Afinal, você não quer que seu relacionamento com o seu futuro sócio termine como um encontro no Tinder, não é?
Faça as perguntas difíceis agora, em vez de depois.
Outro quesito fundamental é a confiança.
Não dá para ter um sócio que dependa o tempo inteiro de sua aprovação.
Você precisa confiar nele e a relação precisa ser de autonomia, não de dependência.
Fique atento a algumas dicas antes de fazer esta escolha:
Como é que esse sócio ou essa sócia reagem em momentos de pressão?
Será que quando a grana estiver apertada ele vai conseguir segurar um pouco a onda?
Como é que ele vai ficar quando vocês não concordarem com algumas dessas situações?
E por fim: é muito importante você ter calma para escolher o seu sócio.
Os profissionais de arquitetura e construção (na maioria das vezes amigos) embarcam em sociedades e se deixam levar pela empolgação, sem fazer uma análise dos possíveis problemas.
Isso aumenta o risco de conflitos surgirem - com muita dor - no futuro.
Por esse motivo, é muito importante fazer perguntas diretas no início, que possam prevenir problemas potenciais e evitar sofrimento desnecessário.
Separei uma lista de questionamentos que você deve se fazer antes de aceitar participar de uma sociedade (se esse for o seu caso):
O dinheiro geralmente é uma motivação compartilhada, mas o quanto as pessoas querem e o quanto desejam, é uma discussão fundamental.
Relacionado a isso, duas pessoas inevitavelmente terão diferenças em relação a “quando” e “quanto” trabalharão.
Em meio à empolgação de explorar uma parceria potencial, pode parecer desanimador perguntar:
"Então, quantas horas por semana vamos trabalhar? E quanto a enviar e-mails à noite ou nos fins de semana? Trabalharemos durante as férias?"
Acredite: superar generalidades é fundamental para estabelecer expectativas e acordos concretos.
Em uma empresa de reformas que conheci, um sócio lidava com a parte de projetos de interiores, e o outro com a parte de execução do projeto, ou seja, obra.
A empresa era bem-sucedida, mas eles tinham momentos de tensão e sentimentos de subvalorização.
Isso causava ruídos na comunicação, como:
"Sem os meus projetos não teríamos nada", dizia um deles.
"Se eu não gerenciasse a obra, os seus ótimos projetos não valeriam nada", dizia o outro.
Há uma tendência natural de valorizar mais as nossas próprias contribuições, porém, os sócios precisam chegar a um acordo de que todas as contribuições importam.
Decisões difíceis em uma parceria tendem a surgir mais tarde.
Antes de surgirem, é hora de descobrir como tomá-las.
É importante descobrir o que acontecerá caso precisem tomar uma decisão difícil e de alto risco, na qual os sócios discordem fortemente.
Raras pessoas se sentem completamente à vontade com debates.
Antes de embarcar nessa, e ter o primeiro conflito sério, é o momento de avaliar os estilos de gerenciamento de conflitos uns dos outros.
Conheci dois sócios, de um escritório de arquitetura, que tinham uma grande diferença nesse aspecto: uma cresceu em uma família com muito conflito, que não era saudável, e a assustava quando criança.
Ela precisava que o conflito fosse calmo, controlado e respeitoso.
Seu parceiro sentia que o conflito sem algum tipo de discussão não era genuíno.
Eles foram bem-sucedidos em encontrar um meio-termo, com limites claros.
Uma estratégia bem-sucedida se resume a tomar decisões difíceis e dizer não a coisas nas quais alguns sócios estão animados ou até ligados emocionalmente.
Essas perguntas podem surgir até mais tarde, o que torna ainda mais importante que os futuros sócios as antecipem e respondam a elas.
A divisão de ganhos e compensação geralmente é a questão mais delicada.
Isso revisita todas as questões legais, e deve ser questionado por você.
Pode parecer uma questão pequena, mas documentar acordos é fundamental.
Duas razões:
1. Primeiro, as pessoas podem pensar que concordaram com algo, mas depois de escrever revelam diferenças.
2. Em segundo lugar, as pessoas esquecem ou têm lembranças diferentes, e isso é como não ter acordo algum.
Conheci uma empresa de engenharia onde os sócios literalmente assinam (por meio de assinatura eletrônica) qualquer acordo significativo, por exemplo, como dividir as taxas em um contrato.
Encontre uma maneira de acompanhar seus acordos e armazená-los em um local de fácil acesso para que todos os parceiros possam acessá-los facilmente para refrescar a memória.
Se a parceria terminar, é muito mais fácil descobrir isso no início:
Quem fica com o quê?
Quem possui o quê?
E se apenas um ou alguns sócios quiserem sair?
Que propriedade intelectual, relacionamentos ou outros ativos as pessoas trouxeram para a parceria que esperam levar consigo?
Quais são os acordos sobre o protocolo de comunicação em torno de saídas?
Ter acordos claros pode ajudar os sócios a se separarem amigavelmente quando chegar a hora e evitar dores de cabeça, estresse e batalhas legais prolongadas.
Dica: aqui a abordagem "não é você, sou eu", não vai funcionar.
Digamos que, esperançosamente, você pensou com antecedência e incluiu etapas de saída em seu acordo de parceria ou delineou um período de teste.
Mesmo assim, vai ser uma conversa difícil, e a honestidade é sempre a melhor política.
Lembre-se de que as razões para encerrar a parceria de negócios devem ser mais do que "eu não gosto deles", você precisa de uma explicação sólida de por que não está funcionando.
E talvez seja você, e não eles, que precise deixar o negócio.
Moral da história:
👉 1. O seu sócio (ou sócia) precisa compartilhar dos mesmos objetivos empresariais, morais e éticos a frente do negócio;
👉 2. O seu sócio (ou sócia) precisa ter habilidades complementares;
👉 3. O sócio (ou sócia) precisa apresentar proatividade, liderança e confiança, não necessariamente nessa ordem, porém com uma boa dose de cada.
E lembre-se: a escolha do sócio não é uma tarefa que deva ser realizada às pressas.
É uma jornada que envolve autoconhecimento e uma pesquisa cuidadosa.
Afinal, você está convidando alguém para fazer parte do seu sonho.
E, se você já possui sócio, ou sócios, lembre-se de que para manter um relacionamento saudável, é muito importante que você construa um relacionamento transparente, sem ruídos na comunicação e com uma constância de feedbacks para evolução de cada um.
Isso será essencial para construir uma cultura forte e um negócio próspero.
Para isso, o feedback é fundamental para conquistar confiança.
E sem confiança, a comunicação se desintegra.
Portanto, peça feedback regularmente, e forneça também.
👉 Abaixo, vou compartilhar com você 3 livros que podem te ajudar em relação à comunicação entre sócios, e um livro para refletir sobre a sua empresa como um todo:
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