Se você é arquiteto(a) ou um apaixonado pelo mundo da construção civil e design, provavelmente já ouviu falar do Prêmio Pritzker. O prêmio de reconhecimento é o patamar mais alto que um arquiteto(a) pode alcançar em sua carreira. E todos os anos o prêmio é concedido a um arquiteto que tenha contribuído significativamente para a arquitetura contemporânea, com obras que demonstram inovação, excelência e impacto duradouro.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes a história do Prêmio Pritzker, quais os representantes de nosso país ganharam a honraria, alguns de seus laureados mais célebres e quem foi o grande ganhador da premiação para este ano!
Aproveite a leitura!
O que é o Prêmio Pritzker?
Atualmente todo profissional da área ou estudante conhece o famoso Prêmio Pritzker, um dos prêmios mais importantes da área e que é conhecido como o "Nobel da Arquitetura". Alcançar essa honraria é para poucos, já que a premiação ocorre uma vez por ano, mesmo durante momentos de crise e dificuldade global (como a pandemia da COVID-19), o Prêmio Pritzker continuou a ser concedido, destacando a importância e o valor atribuídos a essa honraria e aos profissionais que a recebem.
O prêmio que este ano estará em sua 45° edição, foi criado em 1979 pela família Pritzker que leva o seu nome. A família Pritzker é fundadora da rede de hotéis Hyatt, mundialmente conhecida que possui atualmente mais de 1.150 hotéis em mais de 70 países ao redor do mundo. Esses hotéis estão presentes em diversas categorias, desde hotéis econômicos até propriedades de luxo. A rede de hotéis já chegou ao Brasil em algumas cidades, com destaque para Grand Hyatt Rio de Janeiro, um luxuoso resort instalado à beira mar a poucos passos da praia da Barra.
A ideia de criar um prêmio para reconhecer a excelência na arquitetura contemporânea surgiu da vontade dos membros da família Pritzker em apoiar e promover a cultura e as artes, especialmente a arquitetura, que é uma das principais áreas de atuação da empresa hoteleira. O nome "Pritzker" foi escolhido em homenagem à família e ao seu legado no mundo dos negócios e da filantropia. Desde então, a Fundação Hyatt tem sido a responsável pela organização e patrocínio do prêmio mundialmente conhecido.
Para levar o tão sonhado prêmio para casa, o profissional não deve contemplar apenas o apelo estético da obra, mas deve considerar também fatores como: a qualidade e a inovação das obras realizadas, a influência do arquiteto no desenvolvimento da arquitetura contemporânea, sua contribuição para a promoção da arquitetura e do design sustentável, e o impacto social e cultural de suas realizações.
A escolha do arquiteto(a) premiado é feita por um júri internacional, leva em conta o histórico do arquiteto e a consistência de sua produção ao longo do tempo, além de sua capacidade de inspirar e influenciar gerações futuras de arquitetos. A avaliação é um processo rigoroso e criterioso que tem como objetivo reconhecer e homenagear os melhores arquitetos do mundo e promover a importância da arquitetura para a sociedade.
O profissional premiado, por sua vez, leva para casa além do reconhecimento internacional uma medalha e um prêmio em dinheiro, que atualmente é de US $100.000 (cem mil dólares). O Prêmio Pritzker também pode trazer prestígio para a escola de arquitetura ou escritório onde o arquiteto trabalha, bem como para o país ou cidade onde ele ou ela nasceu e realizou suas principais obras. Vale ressaltar que a honraria é concedida a um indivíduo ou a um grupo de arquitetos por suas realizações coletivas e não ao escritório ou à empresa da qual fazem parte.
Quem já ganhou o Prêmio Pritzker?
O prêmio ocorre ao redor do mundo e arquitetos de todos os países podem ser prestigiados, atualmente mais de 20 nacionalidades já levaram o prêmio para seus países, onde metade deles são Europeus. A última premiação em 2022, o arquiteto Francis Kéré residente de Berlim, levou o prêmio para casa.
A desigualdade de gênero também reflete na premiação, através da seleta lista de mulheres ganhadoras da honraria da arquitetura. Desde que foi fundado, o prêmio laureou apenas seis mulheres, são elas: Zaha Hadid (2004), Kazuyo Sejima (2010), Carme Pigem (2017), Yvonne Farrell e Shelley McNamara (2020) e e Anne Lacaton (2021). Sendo premiadas sozinhas ou fazendo parte de um grupo, essas mulheres têm contribuído (ou contribuíram) significativamente para a arquitetura e urbanismo, além de destacar a importância da diversidade nesta área.
No decorrer dos anos, o prêmio deu notoriedade a vários arquitetos, o primeiro deles foi o americano Philip Johnson, que se destacou por sua notável contribuição para a arquitetura e seu papel na promoção e avanço da arquitetura moderna nos Estados Unidos. Ele foi um dos principais defensores do Movimento Moderno na arquitetura e um dos fundadores do Departamento de Arquitetura e Design do Museu de Arte Moderna de Nova York.
O americano valorizava a acessibilidade e funcionalidade em seus projetos, e ao mesmo tempo, em contrapartida adotava um estética desconstrutivista em seus projetos, que reformula as propostas básicas de construção presentes em projetos mais clássicos.
Dentre os projetos que mais ganharam destaque, podemos citar a Casa de Vidro, de 1949, que é uma estrutura minimalista e totalmente envidraçada, construída em meio a uma paisagem arborizada. A ausência de paredes e divisórias internas permite que a luz natural e a paisagem circundante se tornem parte da experiência de viver na casa.
A Casa de Vidro foi pioneira no uso do vidro como material de construção em larga escala, e seu estilo influenciou a arquitetura moderna do século XX. A transparência da casa e seu design minimalista foram uma ruptura com a arquitetura tradicional e um manifesto em favor da simplicidade e da transparência.
Podemos citar entre os destaques dos vencedores, a primeira mulher a ser laureada com o prêmio: Zaha Hadid (1950-2016), em 2004, a arquiteta iraquiana-britânica se destacou por seus desenhos inovadores, sua abordagem ousada através de seus projetos com geometria complexa e tecnologia avançada.
Dentre as obras mais notórias da arquiteta, podemos citar o Centro Heydar Aliyev em Baku, concluído em 2012. O edifício multifuncional que abriga um centro de convenções, um museu e uma biblioteca, e possui mais de 57 mil metros quadrados, sendo revestido por concreto armado e poliéster.
Sua forma fluida e escultural é inspirada pela paisagem natural do Azerbaijão e pela herança cultural da região. O edifício chama a atenção principalmente por seus painéis de vidro que se curvam em várias direções, criando uma fachada única.
Hadid foi uma das arquitetas mais importantes e influentes do final do século XX e início do século XXI, e sua vitória no Prêmio Pritzker foi um marco importante para a diversidade e a inclusão na arquitetura, abrindo portas para mulheres que vieram e virão desde então.
Destaca-se também o arquiteto francês Jean Nouvel, ganhador da edição do prêmio ocorrida em 2008. Seus projetos são caracterizados por uma abordagem criativa e arrojada ao design, frequentemente incorporando elementos futuristas. Ele é conhecido por seu uso inteligente da luz natural, cor e sombra, criando edifícios que parecem evoluir e mudar com as condições climáticas e as estações do ano.
Entre seus projetos mais icônicos, podemos citar a Torre Glòries, concluída em 2004. A torre está localizada em Barcelona, Espanha, com seus 142 metros de altura e 34 andares, a Torre Glòries é um ícone arquitetônico da cidade, conhecida por sua fachada de vidro e alumínio que muda de cor dependendo da luz do sol e seu formato cilíndrico nada convencional. A torre abriga escritórios e espaços comerciais, e também é uma atração turística popular.
Quantos brasileiros ganharam o Prêmio Pritzker?
O Brasil também não poderia ficar de fora dessa importante premiação, e conta com dois ícones da arquitetura nacional e mundial, estamos falando de Oscar Niemeyer, em 1988, e Paulo Mendes da Rocha, em 2006.
Oscar Niemeyer (1907-2012), levou o prêmio em 1988 junto com o arquiteto americano Gordon Bunshaft. A arquitetura de Niemeyer é frequentemente descrita como modernista, com formas curvas e uma abordagem que mistura originalidade, ousadia e delicadeza em seus projetos.
Atualmente diversas obras do arquiteto são tombadas, pois apresentam valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental, para nosso país, e dentre as mais conhecidas, temos o Congresso Nacional em Brasília que é um dos principais símbolos da cidade.
Niemeyer projetou a estrutura em 1958 e ela foi inaugurada em 1960, juntamente com a inauguração de Brasília como a nova capital do Brasil. O prédio do Congresso Nacional é considerado uma das obras mais importantes do modernismo brasileiro e é um dos principais pontos turísticos de Brasília.
Paulo Mendes da Rocha, por sua vez, levou o prêmio em 2006 , e ficou reconhecido internacionalmente pelo seu estilo moderno e inovador. Ao longo de sua carreira, Mendes da Rocha projetou diversos edifícios icônicos no Brasil e no exterior, incluindo o Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), Estádio Serra Dourada localizado em Goiânia, Museu dos Coches em Portugal, projetado por Paulo Mendes da Rocha em parceria com MMBB Arquitetos e Ricardo Bak Gordon, entre outros projetos. Além disso, nos anos seguintes Paulo foi laureado com diversas outras premiações como o Prêmio Arquiteto do Ano em 2010, o Leão de Ouro, na Bienal de Veneza em 2016, e ainda no mesmo ano o Prêmio Imperial do Japão.
Ambos os arquitetos deixam um legado significativo não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, com projetos que combinam beleza, funcionalidade e uma compreensão profunda da relação entre arquitetura e sociedade.
Prêmio Pritzker 2023
Para o ano de 2023, já temos um vencedor para este prêmio. Apesar da premiação ocorrer nos próximos meses, o ganhador é anunciado algumas semanas antes. Este ano o laureado é David Chipperfield, de 69 anos, conhecido por renovar edifícios antigos.
De acordo com a Fundação Hyatt, que organiza a premiação, David que é arquiteto, urbanista e ativista chamou atenção por seu: "design moderno e atemporal, que enfrenta emergências climáticas, transforma relações sociais e revitaliza cidades". O júri ainda classifica os projetos de Chipperfield como "arquitetura de presença cívica discreta, mas transformadora", e com "estruturas capazes de perdurar, física e culturalmente".
O arquiteto europeu chama a atenção por renovar edifícios antigos sem descaracterizá-los, preservando a história e contexto o qual está inserido.
De acordo com David: ”As cidades são registros históricos. Sabemos que, como arquitetos, temos um papel importante e comprometido com a criação não apenas de um mundo mais bonito, mas também justo e sustentável.”
Dentre alguns dos projetos mais conhecidos do arquiteto podemos citar: o Museu Jumex, na Cidade do México, e a Biblioteca Pública de Des Moines, em Iowa, nos EUA, e a reforma do Neues Museum, em Berlim, na Alemanha.
Este ano a sede escolhida para abrigar a grande premiação é a capital da Grécia, Atenas, e tem previsão de ser entregue ainda em maio.
Até a próxima,
Equipe Vobi
Referências:
https://laart.art.br/
https://www.archdaily.com.br/
https://g1.globo.com/
https://revistaprojeto.com.br/
https://www.hyatt.com/pt-
https://www.projetou.com.br/
https://pt.wikipedia.org/
https://www.hyatt.com/pt-PT/hotel/brazil/grand-hyatt-rio-de-janeiro/riogh
https://blog.archtrends.com/glass-house/
https://revistaprojeto.com.br/noticias/projeto-zaha-hadid-azerbaijao-criticas-direitos-humanos/
https://www.gabarcelona.com/blog/mirador-torre-glories/
https://www.df.gov.br/congresso-nacional/