A presença de um jardim bem cuidado na fachada de uma casa certamente impacta positivamente quem passa por ali. E para obter um resultado satisfatório é necessário muitos cuidados envolvendo regas e podas constantes, certo? Não necessariamente! O conceito de jardim tolerante à seca veio para quebrar a ideia de que o paisagismo precisa de grandes quantidades de água e de rega constante para ser esteticamente atraente.
Nesse artigo abordaremos o que é o paisagismo tolerante à seca, como implementá-lo em seu projeto e como essa prática pode ser uma opção ecologicamente correta e sustentável para projetos de paisagismo.
Aproveite a leitura!
O que é paisagismo tolerante à seca?
O paisagismo tolerante à seca nasce com a crescente preocupação com a proteção do meio ambiente e adoção de técnicas sustentáveis sem prejudicar o apelo estético que um bom projeto de paisagismo proporciona, e tem se tornado uma boa opção para minimizar o consumo de água. A prática consiste em adotar uma série de medidas para cultivar um paisagismo que possa sobreviver em condições de seca, o que envolve selecionar espécies que têm uma maior tolerância à falta de água e que são capazes de armazenar água em suas folhas ou caules e técnicas de irrigação que ajudam reter a umidade no solo e na planta por consequência.
O conceito também está relacionado à prática do xeropaisagismo, que é um tipo de paisagismo que usa plantas xerófitas que possuem alta resistência em períodos de estiagem e normalmente possuem características como folhas pequenas, cerosas ou em formato de agulha, além de raízes profundas que lhes permitem armazenar água.
A ideia é criar um ambiente paisagístico que seja esteticamente agradável, sem depender de muita água para sua manutenção. A procura por inspirações nessas técnicas têm aumentado principalmente em plataformas de mídia social como o Pinterest, que registrou aumento de 385% no tema “Paisagismo tolerante à seca”, o que sugere que as pessoas estão procurando cada vez mais por soluções que preservam recursos hídricos sem abrir mão da beleza e elegância das plantas ornamentais. Mas as vantagens vão além da economia de água, como:
- Adaptabilidade: essa técnica é altamente adaptável, podendo ser utilizada desde regiões mais áridas até climas equatoriais.
- Manutenção: Plantas que são adaptadas a climas secos, requerem menos manutenção já que são adaptáveis a solos pobres em nutrientes, portanto necessitam de pouco ou nenhum fertilizante, além disso, plantas desse tipo tendem a crescer mais lentamente, o que significa que precisam de menos frequência nas podas para manter o formato e tamanho adequados. No entanto, é importante ressaltar que mesmo as plantas mais resistentes precisam de alguma manutenção eventualmente, como controle de ervas daninhas e pestes que possam vir atacar o jardim.
- Preservação do meio ambiente: O paisagismo tolerante à seca é uma ótima opção quando o assunto é adotar práticas ecologicamente corretas, pois reduz drasticamente o consumo de água, fertilizantes prejudiciais para natureza além de contribuir para redução da emissão de gás carbônico através de sua fotossíntese.
- Economicamente viável: O paisagismo tolerante a seca é baseado em plantas que são adaptadas às condições locais e, portanto, requerem menos água, fertilizantes e pesticidas, e menos manutenção em geral, dessa forma se torna uma opção mais econômica em relação aos jardins tradicionais
Quais as plantas tolerantes à seca?
Agora que já sabemos as principais vantagens de adotar essa técnica, chegou o momento de escolher as espécies ideais para seu projeto de paisagismo, para isso, alguns fatores devem ser considerados antes de fazer a escolha:
- Procure por espécies nativas da região: as plantas nativas geralmente são adaptadas às condições climáticas locais e, portanto, são mais resistentes à seca. Pesquisar mais a fundo sobre as plantas nativas da região pode ajudar a encontrar espécies que sejam apropriadas para o paisagismo tolerante à seca.
- Considere espécies caducifólias: Essas plantas são caracterizadas por perderem suas folhas em determinadas épocas do ano, geralmente durante a estação fria ou seca, e produzir novas folhas quando as condições ambientais são mais favoráveis.
De acordo com a engenheira agrônoma Fabiana Fróes: “No inverno, algumas espécies perdem as folhas e entram em estado de dormência, diminuindo a necessidade de água”.
Portanto as plantas caducifólias configuram uma boa opção para o paisagismo tolerante à seca, e podem ser encontradas árvores, arbustos e algumas plantas herbáceas.
- Prefira espécies que adaptam a pouca água: Algumas plantas são altamente resistentes à climas áridos e são uma ótima opção para compor esse tipo de paisagismo. Dentre as características desse tipo de planta podemos citar: Folhas pequenas e presença de espinhos que reduz a superfície foliar e, portanto, a perda de água por transpiração; Raízes extensas que lhes permite acessar água mais profundamente no solo; Sistema de armazenagem de água como caules suculentos, raízes tuberosas e folhas grossas que permite estocar a água por mais tempo.
Listamos abaixo algumas espécies que se adaptam a ambientes com pouca disponibilidade de água, como:
Cactos (Cactaceae):
Os cactos são plantas suculentas que se adaptam facilmente a climas secos devido a sua capacidade de armazenar água em seus caules, folhas ou raízes. Essa planta se destaca por sua versatilidade pois apresenta uma ampla variedade de formas e tamanhos, o que significa que podem ser usados para criar paisagens interessantes e variadas, sendo que algumas dessas espécies podem viver meses sem água além de poderem se adaptar tanto em vasos quanto no solo. Aposte nesta opção!
Rosa-do-deserto (Adenium obesum):
A rosa do deserto é famosa pela beleza das suas flores que contrasta com seus galhos robustos, a planta é comumente encontrada em regiões de clima árido, como o deserto, e é capaz de armazenar água em seus troncos e raízes. Isso a torna uma planta resistente a longos períodos de seca, portanto, uma excelente opção para adotar no paisagismo à seca.
Agave:
A planta de origem mexicana é muito usada em paisagens para fins ornamentais. É uma planta que armazena água em suas folhas grossas e carnudas, tornando-a resistente a longos períodos de seca. Essa espécie pode ser cultivada em vasos ou no solo, e é uma ótima opção para ser cultivada em regiões de clima quente e seco.
Pata-de-elefante (Beaucarnea recurvata):
Essa planta se destaca por sua baixa manutenção e versatilidade, e por ser uma planta que requer baixa umidade, seu crescimento é lento o que a torna uma boa alternativa para jardins secos menores.
Lavanda (Lavandula):
Essa planta é ideal para ser cultivada em áreas ensolaradas e com pouca umidade, seu aroma agradável e seus efeitos calmantes aliados a delicadeza de suas flores, a tornam uma ótima opção para criar um jardim relaxante.
Suculentas:
Embora sejam muitas vezes confundidas com os cactos, as suculentas são plantas que possuem a capacidade de armazenar água em suas folhas, caules ou raízes, permitindo que sobrevivam em ambientes secos e com pouca água. Essas plantas se tornaram populares por sua grande variedade de formas, tamanhos, texturas e cores, o que as torna opções versáteis em projetos de paisagismo e jardinagem.
Grama-bermudas (Cynodon dactylon):
Quando o assunto é forração tolerante à seca, considere esse tipo de gramínea ornamental que tem alta resistência à seca e ao calor, permanecendo verde mesmo em épocas de estiagem, além de ser bastante adaptável a diferentes tipos de solo.
Como criar um jardim tolerante à seca?
O paisagismo tolerante à seca tem se mostrado uma alternativa eficiente e econômica, além de ser uma opção de baixa manutenção e que minimiza os impactos ambientais. Entretanto, para criar jardins com essa técnica é preciso ter alguns cuidados que devem ser tomados desde a fase de planejamento para garantir que as plantas cresçam saudáveis e sem prejuízos para o meio ambiente. Portanto, considere algumas dicas que podem te ajudar:
- Estude as condicionantes climáticas e da região no qual o paisagismo será inserido; Analisar aspectos como tipo de solo, média de precipitação e incidência solar ajudará a escolher as plantas mais adequadas para a região e definir a quantidade de água necessária para irrigação.
- Escolha plantas adequadas para a região; As plantas nativas da região já são adaptadas às condicionantes do clima, por isso precisam de menos água.
- Faça uso consciente dos recursos hídricos; Mesmo as plantas mais resistentes, precisam de regas, por isso reflita sobre o sistema de irrigação que adotado no projeto. É importante notar que algumas plantas precisam de água com mais frequência ou quantidade que outras, por isso estude sobre a necessidade de cada espécie.
A água armazenada da chuva pode ser utilizada para regar as plantas e economizar o consumo de água potável para essa tarefa; E no momento da irrigação, dê preferência para fazer no período noturno ou no início da manhã, para evitar que parte da água se perca por evaporação.
Na hora de definir a escolha do sistema de irrigação pesquise por alternativas que poupam o consumo de água como por exemplo, o sistema de gotejamento que distribuem a água diretamente nas raízes das plantas por meio de pequenos gotejadores, que são conectados a uma rede de tubulações e conduzem a água até o solo. Esse sistema é eficaz pois impede que a água seja perdida por evaporação ou escorrimento superficial.
Outra opção é o sistema de irrigação por aspersão que distribui água uniformemente na área onde é instalado. Esse sistema pulveriza a água em pequenas gotas que cobrem a área com agilidade. Essa opção tende a ser menos eficiente do que a irrigação por gotejamento, pois a água pode ser perdida para a evaporação e para o vento antes de atingir o solo.
- Considere usar cobertura morta no paisagismo; essa técnica consiste em cobrir o solo em torno das plantas com materiais orgânicos ou inorgânicos, como folhas secas, palha, casca de árvore, pedras, pedras, argila expandida entre outros.
Essa camada de material protege o solo da evaporação excessiva da água, da erosão causada pelo vento e pela chuva, e também ajuda a manter uma temperatura mais constante ao redor das raízes das plantas. Além disso, a cobertura morta também ajuda a controlar o crescimento de ervas daninhas, reduz a necessidade de irrigação e fornece nutrientes ao solo à medida que se decompõe. Essa técnica é muito utilizada em projetos de jardins secos pois também contribuem positivamente para o aspecto estético do projeto.
- Fique de olho em plantas indesejadas; Mesmo os jardins que demandam pouca manutenção não estão livres de plantas invasoras ou ervas daninhas, que comprometem a saúde e beleza do paisagismo, dessa forma, é importante tomar medidas para evitar esses visitantes indesejados.
Por isso, no momento do preparo do solo para o jardim, certifique-se de retirar todas as plantas invasoras do local, incluindo as raízes. Além disso, remova qualquer resto de planta que possa estar no solo; E sazonalmente deverá ser feita a verificação do jardim para identificar qualquer sinal dessas ervas daninhas a fim de removê-las.
Exemplos de projetos paisagísticos tolerantes à seca
Para quem deseja adotar essa técnica, existem diversas inspirações de projetos que podem ser usados como referência. Com a utilização de plantas e elementos decorativos adequados, é possível criar ambientes agradáveis, e sustentáveis. Pensando nisso, listamos abaixo algumas inspirações de paisagismo com tolerância à seca:
Com as técnicas adequadas é possível adaptar seu projeto de paisagismo para tolerar a períodos de seca sem abrir mão da beleza natural e preservando os recursos hídricos.
Até a próxima,
Equipe Vobi,
Referências:
https://maissoja.com.br/.
https://revistacasaejardim.globo.com/
https://pt.wikipedia.org/
https://business.pinterest.com/pt-br/
https://www.jardimdasideias.com.br/
https://casaefesta.com//
https://veja.abril.com.br/coluna/jardineiro-casual/rosa-do-deserto-a-planta-gordinha-que-e-um-vicio/
https://casaeconstrucao.org/paisagismo/pata-de-elefante/
https://www.vivadecora.com.br/revista/ambientes-da-expoflora-2022/
https://br.pinterest.com/pin/378091331228228423/
https://www.vivadecora.com.br/revista/como-plantar-lavanda/
https://br.pinterest.com/pin/60024607523920127/
https://www.vivadecora.com.br/revista/tipos-de-plantas/