Entre os elementos mais chamativos da arquitetura, o muxarabi se destaca como uma janela para o passado, permitindo aos contemporâneos vislumbrar um mundo onde design e funcionalidade se uniam. Uma simples menção ao muxarabi nos lembra imagens de pátios sombreados, brisas suaves e a misteriosa dança de luz e sombra projetada através de suas treliças. Se você nunca ouviu falar deste elemento arquitetônico, esse artigo vai te apresentar esse elemento cheio de história e cultura.
Originalmente incorporado nas tradições arquitetônicas de regiões áridas, onde o sol escaldante ditava os ritmos da vida cotidiana, o muxarabi surgiu como uma resposta elegante e prática. Ele oferecia sombra e privacidade, enquanto simultaneamente permitia a ventilação e a entrada filtrada de luz. Mas, além de sua função prática, havia uma dimensão estética: os padrões elaborados contavam histórias, refletiam culturas e exibiam o talento de artesãos habilidosos.
Ainda hoje, o muxarabi se apresenta como uma alternativa para arquitetos e designers que buscam soluções sustentáveis e estéticamente interessantes. Neste artigo, vamos explorar o que é o muxarabi, suas vantagens e desvantagens, e como ele se distingue de elementos similares como o cobogó. Confira os tópicos que serão abordados:
Aproveite a leitura!
A Origem e a Evolução do Muxarabi: Como esse elemento arquitetônico se transformou ao longo dos séculos?
A arquitetura, como expressão da cultura e necessidades humanas, possui em sua trajetória diversos elementos que não apenas servem a propósitos funcionais, mas também contam histórias. O muxarabi é, sem dúvida, um desses exemplos.
O muxarabi é um elemento arquitetônico que consiste em uma espécie de treliça ou rede feita de madeira, comumente instalada em janelas ou varandas. Sua função inicial era proporcionar ventilação e luz natural, além de permitir a observação do exterior sem ser visto. Isso oferecia uma combinação de conforto térmico e privacidade, especialmente importante em contextos culturais que pediam essa separação.
Sua origem remonta às tradições árabe-islâmicas, e a própria etimologia da palavra "muxarabi", derivada do árabe mashrabiya, nos dá pistas sobre sua função original. Ligado ao verbo "beber", o termo faz referência ao local onde eram colocados jarros com água para serem resfriados.
As origens geográficas do muxarabi situam-se no Oriente Médio e no Norte da África. Lá, o elemento servia não apenas como um recurso para resfriamento, mas também como uma forma de privacidade, nas culturas tradicionais da região, o muxarabi permitia que as mulheres pudessem observar a rua sem serem vistas, respeitando as convenções sociais da época.
A trajetória deste elemento até o Brasil remonta à época dos descobrimentos. Com a expansão marítima portuguesa e a colonização brasileira , diversas influências culturais e arquitetônicas foram trazidas ao novo mundo. Dentre os colonizadores portugueses, muitos eram de origem árabe, e os artífices que acompanharam essa jornada trouxeram consigo as técnicas e tradições de construção aprendidas em contextos muçulmanos. Assim, traços dessa arquitetura, incluindo o muxarabi, começaram a se integrar à arquitetura colonial brasileira.
No Brasil, o muxarabi se adaptou às particularidades locais e climáticas, assumindo um papel tanto funcional quanto estético. No contexto colonial brasileiro, além de suas funções de ventilação e resfriamento, o muxarabi também serviu como uma ferramenta de privacidade, similar ao seu propósito original no Oriente Médio.
Entretanto, como muitos elementos arquitetônicos, o muxarabi experimentou períodos de declínio, sobretudo a partir do século XIX, onde novas técnicas e estilos arquitetônicos emergiram. Contudo, sua essência e significado permanecem vivos, e hoje, em meio a uma crescente busca por sustentabilidade e integração com o meio ambiente, o muxarabi ressurge como uma tendência.
Muxarabi e Sustentabilidade: Por que arquitetos focados na sustentabilidade estão abraçando essa estrutura?
Em meio à crescente necessidade de práticas sustentáveis em todos os setores, a arquitetura e o design não ficam de fora . Nesse contexto, o muxarabi, um elemento arquitetônico tradicional, vem ganhando destaque renovado. A combinação de suas características funcionais com seus benefícios ambientais e de bem-estar faz dele uma escolha atrativa para arquitetos que se preocupam com incluir sustentabilidade em seus projetos.
Junto a isso, essa tendência vai de encontro com outra proposta em alta no momento: o design biofílico que busca uma relação mais harmônica e integrada entre o ambiente construído e a natureza. Pensando nisso, o muxarabi é uma boa proposta para incrementar elementos da natureza (como a madeira) em seus projetos.
Mas além disso, o muxarabi pode ser uma boa escolha de projeto, pois:
Permite Balanceamento Luminoso e Ambientação Climática
A estrutura vazada do muxarabi possibilita a regulação da luz e da ventilação de forma natural. Isso reduz a demanda por iluminação artificial e refrigeração, resultando em economia de energia e proporcionando um equilíbrio térmico ao ambiente, o que é fundamental tanto para a sustentabilidade quanto para o design biofílico.
Vislumbre Externo e Privacidade
Permitindo uma observação sutil do mundo exterior, o muxarabi estabelece uma ponte entre os habitantes de um espaço e seu entorno, ao mesmo tempo que assegura a privacidade desejada, já que para quem passa pelo lado de fora, não consegue ver dentro do ambiente.
Versatilidade Arquitetônica em Diferentes Aplicações
O muxarabi, tradicionalmente usado como elemento de fachada, tem se mostrado versátil em diversas aplicações contemporâneas. Sua estrutura pode ser incorporada em portas de armários, permitindo ventilação para os itens guardados e trazendo um charme ao ambiente. Além disso, pode ser usado em divisórias de ambientes, proporcionando privacidade sem comprometer a circulação de ar ou a entrada de luz.
Em varandas ou pergolados, sua presença garante sombra e conforto térmico, ao mesmo tempo que permite uma vista sutil do entorno. Também tem sido explorado como painéis decorativos em tetos e como revestimentos de paredes.
Como vimos, o muxarabi é super versátil e de fácil adaptação em qualquer projeto.
Muxarabi ou Cobogó: Qual a diferença entre esses dois elementos e como escolher o melhor para seu projeto?
Ambos, muxarabi e cobogó, são protagonistas na arquitetura quando o assunto é ventilação e iluminação naturais, além da busca por estética. No entanto, possuem origens, materiais e aplicações distintas. Ao compreender suas diferenças fica mais fácil decidir qual deles incorporar em um projeto arquitetônico.
O muxarabi, como discutido anteriormente, tem sua origem nas tradições árabe-islâmicas, sendo utilizado primariamente para promover ventilação, iluminação e privacidade. Tradicionalmente feito de madeira, seu design intrincado e detalhado permite a circulação de ar enquanto proporciona sombreamento e privacidade.
Por outro lado, o cobogó é genuinamente brasileiro, tendo seu nome derivado das iniciais dos sobrenomes de seus criadores: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis. Surgiu na década de 1920, em Recife, como uma solução arquitetônica para lidar com o calor intenso do país.
Os cobogós são elementos vazados, geralmente feitos de cerâmica, cimento ou vidro, que permitem a passagem de luz e ar, mas barram a entrada direta do sol. Esta combinação promove ambientes frescos e bem iluminados.
As diferenças principais entre os dois elementos estão nos materiais e na estética. Enquanto o muxarabi é mais orgânico e tradicional, muitas vezes apresentando padrões intrincados e detalhados como uma malha, o cobogó tem um visual mais moderno e geométrico, podendo variar em seus formatos e tamanhos. Além disso, a diversidade de materiais do cobogó permite uma maior variação de cores e transparências.
Ao escolher entre eles para um projeto, considere:
Estética
Se você busca um toque mais tradicional e orgânico, o muxarabi pode ser a escolha ideal. Já para ambientes mais contemporâneos e coloridos, o cobogó oferece versatilidade.
Função e Localização
Em áreas que necessitam de mais privacidade, o muxarabi, com seus detalhes mais fechados, pode ser mais apropriado. O cobogó, por sua vez, é excelente para separar ambientes sem perder a sensação de amplitude.
Manutenção e Durabilidade
Os materiais utilizados no cobogó, como cerâmica e cimento, podem ser mais resistentes a determinadas condições climáticas em comparação com a madeira tradicional do muxarabi. A utilização de muxarabis em fachadas ou áreas externas, por exemplo, exige que o material seja devidamente envernizado por conta das intempéries.
Custos
O orçamento pode ser um fator decisivo. Em geral, o preço dos cobogós pode variar consideravelmente dependendo do material e design escolhidos. Muxarabis, especialmente os customizados e feitos de madeiras nobres, podem ter um custo mais elevado. Portanto, é preciso avaliar o orçamento disponível para o projeto ao ponderar entre essas opções.
Entenda que ambos os elementos oferecem soluções semelhantes em termos de ventilação e iluminação, enquanto suas origens estéticas e materiais diferem significativamente. A escolha entre muxarabi e cobogó dependerá das necessidades específicas e da estética desejada para o projeto.
Desafios e Considerações na Implementação de Muxarabis: Quais são os pontos a considerar ao optar por esta estrutura, incluindo custos e manutenção?
O muxarabi, apesar de todas as suas vantagens estéticas e funcionais, traz consigo algumas considerações e desafios que devem ser abordados ao se pensar em instalá-lo em um projeto. Estas preocupações variam desde os custos iniciais de instalação até questões de manutenção e limpeza. Abaixo, detalhamos esses pontos para que você esteja plenamente informado:
Custo de Instalação
A customização e o uso de madeiras de qualidade para os muxarabis tendem a ser mais caros. O tipo de material, o grau de detalhamento e o tamanho do projeto afetarão diretamente o orçamento. Para projetos com restrições orçamentárias, considerar alternativas ou simplificar o design pode ser necessário.
Manutenção
Madeira, o material tradicional dos muxarabis, exige cuidados regulares. Para garantir longevidade, é preciso protegê-la contra pestes, umidade e raios UV. Dependendo da localização, os muxarabis podem necessitar de tratamentos periódicos, como envernizamento ou repintura.
Dificuldade de Limpeza
Uma dificuldade quando falamos em muxarabi é a limpeza. Devido aos seus padrões detalhados, o acúmulo de poeira e detritos é comum. A limpeza regular é necessária, mas alcançar todos os cantos do design pode ser trabalhoso.
Pode ser necessário o uso de ferramentas específicas para garantir a limpeza do muxarabi. Além disso, em áreas urbanas ou poluídas, a frequência de limpeza tende a ser maior, o que pode ser pouco prático para alguns proprietários.
Adequação ao Clima
Em regiões com clima extremamente úmido ou com alta salinidade, a madeira do muxarabi pode sofrer desgaste acelerado. Escolher o tipo certo de madeira ou optar por materiais alternativos pode ser uma solução.
Privacidade x Iluminação
Embora os muxarabis ofereçam privacidade, eles também podem reduzir a quantidade de luz natural que entra em um ambiente, especialmente se o design for muito intrincado ou denso. Esse equilíbrio entre privacidade e iluminação precisa ser ponderado.
Integração com o Design Geral
A introdução de muxarabis exige uma integração harmoniosa com o restante da estética do projeto. Uma implementação inadequada pode resultar em uma desconexão visual.
Agora que você sabe tudo sobre muxarabis, que tal diversificar em seus projetos e acrescentar esse detalhe cheio de charme em algum ambiente?
Até a próxima,
Equipe Vobi
Referências:
www.vivadecora.com.br
www.casa.abril.com.br
www.aecweb.com.br
www.industriasantaluzia.com.br